domingo, 22 de outubro de 2017

Poxoréu, 2017

Poxoréu 2017


Izaias Resplandes


A cidade de Poxoréu está vivendo um clima diferente neste ano. Por onde tenho passado, o povo está reclamando menos. Acho que isso é bom, ainda que seja um tanto estranho, pois o que se propaga pelos quatro cantos do país é que o Brasil está vivendo uma de suas maiores crises econômicas. Dá para sentir uma atmosfera de certa satisfação com os primeiros meses da administração municipal de Nelson Paim, ainda que alguns também o criticam. Mas a crítica que tenho visto é muito menor do que o elogio.
O povo sempre fica satisfeito quando há realizações.
Nelson Paim está concluindo obras que foram começadas há anos e que não foram concluídas.
Ouvi ele dizer em um discurso na inauguração da Unidade Básica de Saúde do Jardim Brilhante e que foi batizada com o nome de “Pe. Pedro Melesi”, que há pelo menos 17 obras inacabadas. E disse que não começará nenhuma obra nova sem que haja concluído essas.

Na minha avaliação isso está corretíssimo. É triste de se ver os investimentos públicos serem jogados ao vento em obras começadas e inacabadas. Nós temos muitas em Poxoréu. Vejamos alguns exemplos:
No governo de Herculano Muniz se começou a construção do Fórum, ao lado do prédio do INSS. Até hoje ainda se podem ver as marcas da obra sem terminar. Agora tem até uma placa de vende-se no imóvel.

No governo de Adriano Neves da Silveira, como Presidente da Câmara, teve início a construção da sede do Legislativo em frente à Escola Juracy Macêdo. Também lá ainda se pode ver as marcas do descaso com o dinheiro público.
No governo de Antônio Rodrigues da Silva se começou a reforma do Balneário da Lagoa e da Rede de Esgoto da cidade. E até hoje o que se vê nessas obras são os rastros dos milhões de reais jogados pelo ralo.
O governo de Jane Sanchez Rocha começou, mas não concluiu, a reforma do Cinquentão, a construção da Quadra coberta da Escola Odete Oliveira Sousa e a construção de diversas Unidades Básicas de Saúde.
E por aí vai e vai e vai… De forma que essa decisão de terminar o que se começou, antes de se começar qualquer outra coisa, me parece uma coisa muito boa. Mas essa é a minha opinião e cada um deve ter a sua, a qual, evidentemente, será respeitada.
Outra coisa boa que estamos vendo em nossa Poxoréu de 2017 é um crescimento vertiginoso na área da construção civil. Quantas casas novas estão sendo construídas. Só na Av. Brasília surgiram aproximadamente uma dezena de novas residências e algumas construções comerciais. Na Avenida Brasil esquina com a Rondonópolis está sendo construído um belo edifício comercial com dois pisos. E na Rua Campo Grande, logo abaixo também há grandes construções. E a mesma coisa está acontecendo por toda a cidade. O povo está realimentando suas esperanças de fé em Poxoréu como um bom lugar para fazer seus investimentos.
Por outro lado, nunca vi tanta placa de “vende-se este lote” e “aluga-se esta casa” como estou vendo este ano. Na Avenida Brasília a concorrência entre as placas de “vende-se” segue praticamente no mesmo compasso da construção de novas casas. Disso eu não sei o que dizer. É um verdadeiro contraste.
O comércio também tem mudado as caras. O sr. Clóvis do Mercado Supergás Poxoréu vendeu o negócio para o Tião e o Joninha. No Mercado Central também o seu Antônio passou o ponto para o José Garimpeiro. O Mercado Brasil também andou com problemas. Chegaram a fechar a Lanchonete e a Panificadora que tinham aberto, reduziram os funcionários e serviços internos, mas recentemente a  Lanchonete foi reaberta.
Mas, ainda que alguns setores estejam indo bem, como o da construção civil, há, sim, sinais de crise em Poxoréu. O aumento do número de comerciantes ambulantes nas ruas é um sinal dessa realidade. E  hoje vejo diversos vendedores de frutas e verduras nas calçadas; também garaparias e pequenas lanchonetes são inauguradas cotidianamente. O número de farmácias também aumentou de quatro para sete. E tenho notícias de que em breve será inaugurada a oitava e talvez até a nona.
A indústria também não pegou até agora em Poxoréu. Continuamos apenas com aquelas de fundo de quintal, fazendo quitandas, queijos, rapaduras, cortes de peixes, aves e suínos. As padarias continuam as mesmas. A indústria de sucrilhos de milho encerrou suas atividades aqui deixando uma construção inacabada que foi embargada pela municipalidade. A indústria de sucos, que nem começou, parou de vez. Até a Cerâmica Poxoréu andou parando suas atividades. O Parque industrial do prefeito Ronan não emplacou. Só conseguiu mesmo foi transferir terrenos de domínio público para os particulares que não cumprriram suas responsabilidades.
Uma outra novidade de 2017 foi a questão das divisas de nosso Município com os municípios vizinhos. A Assembleia Legislativa de Mato Grosso havia aprovado uma lei alterando esses limites e, por aquela lei, todo mundo metia mão numa fatia do território poxorense. Mas ainda bem que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso reconheceu a inconstitucionalidade da lei e suspendeu seus efeitos. O povo do Distrito Nova Poxoréu, criado no governo de Sanchez Rocha chegou a comemorar a sua transferência para Primavera do Leste, mesmo economicamente se identificando muito mais conosco do que com  aqueles que vivem em cima da serra, nas margens da BR-070 e MT-130.
E falando em Nova Poxoréu, o Município continua criando infraestrutura naquele Distrito. Uma daquelas Unidades Básicas de Saúde que o prefeito Nelson está concluindo é destinada àqueles conterrâneos que vivem ali, à sombra do sucesso de Primavera do Leste.
E a população de Poxoréu só vai despencando. No censo de 2010, a população era de 17.599 pessoas. Na estimativa vigente do IBGE, em 2017, a população é de 15.985 habitantes. A maior parte de sua população está entre 10 e 19 anos, segundo a pirâmide etária.
Ah, sim! Uma outra coisa que tem mudado muito em Poxoréu é a paisagem religiosa. Tem surgido muitas igrejas evangélicas na cidade. Atualmente a população católica soma algo em torno de 13 mil pessoas, as demais igrejas e ateus completam os números da população.
E por último eu quero voltar os olhos para o aspecto cultural da cidade. A grande novidade de 2017 foi a consolidação do IHGP - Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, o qual recebeu por doação da administração Sanchez Lopes o prédio onde funciona o Poxoréu Previ e a Assessoria Pedagógica. A estrutura estava se deteriorando e foi totalmente recuperada pelos membros do Instituto, trazendo uma nova feição para a paisagem central da cidade.

Com um ano de existência oficial, pode-se dizer que o IHG de Poxoréu está indo de vento em popa. Instalou a Casa de Memória Manoel de Aquino Pié, que é o primeiro museu da cidade, hoje com um acervo garimpeiro significativo. E está lançando também, neste mês de outubro, a primeira Revista do IHG. Entre as mais recentes novidades, o IHG está empossando como Sócios Correspondentes, diversos filhos ilustres de Poxoréu que vivem em outros municípios, dentre os quais já figuram: Dr. Juvenal Pereira da Silva, Desembargador do TJMT; Dr. Jerolino Lopes de Aquino, sócio-proprietário dos Laboratórios Carlos Chagas, da Capital; Drª Velenice Dias de Almeida e Lima, Presidente do Instituto de Estudos e Protestos de Títulos do Brasil, Seção de Mato Grosso, Cuiabá, MT; Noeme Ferreira Matos, Arquiteta da Prefeitura de Rondonópolis, MT; entre outros que deverão ser empossados nos próximos dias.
O IHG também realizou em parceria com a UPE, a primeira Tertúlia do Padroeiro. O evento aconteceu no mês de junho, com a presença dos filhos e amigos de Poxoréu e contou com o apoio do IHG de Mato Grosso, da Academia Mato-grossense de Letras e da OAB/MT.
Estiveram em Poxoréu na ocasião o Presidente do IHG/MT e o Vice-Presidente da OAB/MT, que é também o Diretor da Companhia de Teatro Cena Onze. Em decorrência dessa parceria, o IHG levou a Cuiabá a Orquestra de Viola de Poxoréu, a qual participou junto com a trupe do Cena Onze, da execução da peça “O poeta e o garimpeiro”, no Cine Teatro Cuiabá e que, pela mesma parceria também veio se apresentar em Poxoréu e Primavera do Leste neste mês de outubro de 2017.
A UPE - União Poxorense de Escritores está vivendo o seu terceiro decenário, completando trinta anos de existência no próximo dia 31 de março de 2018. Continua realizando o programa “Momento de Arte e Cultura” na Rádio Sulmatogrossense, em todos os domingos e também o seu tradicional Recital de Poesias, o qual chegou à sua vigésima sexta edição neste ano, com grande participação da sociedade. É provável que este tenha sido o Recital de maior amplitude e que aconteceu em parceria com o Ponto de Cultura Centelha de Luz Juvenil.
Aliás, o surgimento de mais um ponto de cultura em Poxoréu é também uma das novidades do ano. O ponto foi concedido para o Centro Juvenil e tem à frente a Diretora Lúcia Voltan. Agora já são dois pontos de cultura em Poxoréu: o Centelha de Luz Juvenil e a Associação Partilhar, que tem na direção o Prof. Giampiero Barozzi.
Mas a grande aposta da sociedade cultural neste ano está na inclusão do chamado CPF da Cultura, composto por um Conselho, um Plano e um Fundo de Cultura. Acredita-se que isso poderá abrir as portas para a realização de muitos eventos culturais em Poxoréu.
O grito de angústia da cultura poxorense, no momento, é dado em prol da comunicação. A Rádio Sulmatogrossense estará deixando de operar em AM, que segundo consta, só dá prejuízo e passará a retransmitir em FM, a programação da Rádio Jovem Pam. Com isso, é provável que a comunicação em âmbito local deverá assumir novos contornos e quem sabe até para melhor. Já se discute nos bastidores a criação de uma Rádio Web, já que a Rádio Comunitária existente é de curta penetração entre a população.
Esse é o olhar horizontal e vertical que faço sobre a cidade de Poxoréu neste ano de 2017. É um olhar comum, de um cidadão de periferia, que acompanha atentamente a caminhada dessa tradicional cidade. Ainda teria muito para se dizer, mas deixemos isso para outro momento ou talvez para outras pessoas.
O meu desejo é que Poxoréu redefina os seus horizontes e os seus picos de futuro e invista seriamente nos mesmos. Não adianta nada a gente ficar chorando pelo leite derramado, pela crise, pelas dificuldades. A solução de um problema se inicia com a sua leitura e compreensão; em seguida, a gente estabelece possibilidades de solução e aí aplicamos aquelas possibilidades com maior êxito de sucesso.
Eu acredito no povo de Poxoréu. É um povo de fé, corajoso e trabalhador. Eu acredito que essa cidade que já foi chamada de Capital do Diamante, por conta de seus ricos e lendários garimpos, pode retomar os seus dias de glória. Aliás, é bom que se diga que ainda há muito diamante em Poxoréu, seja nos monchões e grupiaras, seja em nossa sociedade. O povo de Poxoréu é um diamante lapidado, que enfrentou todo tipo de problema e que, por essa razão, tem todas as condições de construir um novo e pujante município.
Parabéns a todos que aqui militam e labutam. Parabéns pelos 79 anos de sua emancipação política. Parabéns a todos.

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